terça-feira, 6 de outubro de 2009

“Novo autódromo do Rio só sairá do papel se houver vontade política”, alerta ex-presidente da CBA

Depois de o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, ter dito ontem ser prioridade a construção do novo autódromo que substituirá Jacarepaguá, hoje foi a vez de Paulo Scaglione, ex-presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) reiterar não apenas a importância da obra, mas também as bases legais que garantem o empreendimento. Como titulares de seus respectivos cargos, Maia e Scaglione travaram um amplo duelo por ocasião dos Jogos Panamericanos, realizados em 2007 no Rio. Coube a Scaglione liderar um processo que impediu a destruição total de autódromo. Iniciado já em 2003 com conversações e culminando em ações na Justiça, o confronto teve como principal meta a preservação da prática do automobilismo.

De um lado, a gestão do prefeito Cesar Maia queria desde aquele momento utilizar toda a área de Jacarepaguá. Acabaria, pois, o autódromo. Já a gestão Scaglione entendeu ser sua obrigação intervir. E o fez com resultados práticos reconhecidos, hoje, até mesmo pelos antigos adversários Maia e Ruy Cezar, então secretário especial da Rio 2007 e atualmente ocupando a mesma função na Rio 2016. Mesmo não sendo mantido o traçado original, o autódromo continua em atividade até hoje, resguardado por um acordo judicial assinado pela prefeitura e CBA, em razão da vitória na Justiça desta última. “Aquela disputa que encampamos tinha como motivo principal a preservação da prática do esporte. Quem tem de brigar pelos autódromos sob sua jurisdição são as federações, mas aquele caso ultrapassava essa fronteira. Era a própria existência do esporte no Rio de Janeiro que estava em jogo”, explicou Scaglione.

O dirigente, que proximamente estará completando 40 anos de automobilismo, destacou que quando assumi a presidência da CBA, a Federação do Rio de Janeiro estava tão desprestigiada que nem o Secretário de Esportes atendia o seu presidente. Havia, inclusive, impedido a realização de provas regionais no autódromo e somente passou a aceitar os pedidos expressamente feitos pela CBA”, explicou o ex-presidente. Scaglione revelou que o acordo judicial obrigava a reforma total do autódromo, tão logo se encerrassem as disputas panamericanas. Entretanto, já com o objetivo olímpico minuciosamente traçado, ficou claro para o ex-presidente que seria impossível travar uma briga contra um trio tão forte – União/Estado/Município – e muito menos demover uma decisão de governamental. Foi quando a CBA conseguiu contornar a iminente destruição de Jacarepaguá com o compromisso, estabelecido em contrato, de que a nova pista precisará ser construída, antes, para só depois Jacarepaguá servir aos compromissos olímpicos.

Tendo retomado suas funções na Federação de Automobilismo de São Paulo, agora como assessor jurídico, Paulo Scaglione adverte que há muito trabalho a fazer, embora sua gestão tenha deixado, em meados de 2008, inclusive um contrato assinado entre CBA, Ministério do Esporte, Prefeitura e Estado do Rio de Janeiro. “O contrato é uma realidade, mas somente com vontade política o novo autódromo sairá do papel. Agora, se a entidade estadual e a CBA não se movimentarem para que se cumpra o contrato, é real o risco de Jacarepaguá ir ao chão e não existir um autódromo novo. Os novos dirigentes devem deixar as vaidades de lado e trabalhar com a realidade”, alerta o ex-presidente Paulo Scaglione.

AMÉRICO TEIXEIRA JR.
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